3-5-2, três zagueiros e VASCO
Fonte: Fox Sports
Conforme havia prometido para alguns, estou aqui para escrever como EU escalaria esse Vasco atual no 3-5-2 que fora tanto discutido essa semana entre os vascaínos quando o técnico Dorival Junior treinou em mais de um dia essa formação. Não vi o jogo contra a Ponte, pois estava fazendo prova, mas já soube que ele desistiu de usar os “tres zagueiros” de início e preferiu se manter no modelo que tava antes que tanto ama, que não vem dando certo e que culminou em mais uma derrota .
Como o bom Jonathan Wilson falou em seu post no The Guardian (http://www.theguardian.com/football/blog/2013/oct/24/formations-tactics-manchester-city), precisamos repensar se os numeroszinhos iniciais são o que baseia mesmo o time e se a partir deles podemos dizer como ele vai jogar, se defensivo, ou ofensivo. Muitas pessoas ao ouvirem que um time vai jogar no 3-5-2 têm diversas reações. Citarei as duas mais comuns:
A) “Meu time têm laterais que marcam mal. Para dar liberdade a eles, mete tres zagueiros, da liberdade aos meias tacando dois volantes e vamo que vamo!”
B) “Que droga! Tiramos um do meio campo para colocar mais um cabeça de bagre. RETRANQUEIRO”
Quanto ao pensamento A, temos de avaliar o contexto em que ele foi gerado. O “3-5-2 á brasileira”, principal causador dessa linha de raciocínio, foi (porque pra mim já tá pra la de ultrapassado) um MODELO DE JOGO que se ateve demais a sua formação inicial. Os técnicos que o adotavam se prendiam demais aos numeroszinhos, ao dar liberdade total para seus alas e camisa 10, deixando seus zagueiros livre para bater com os atacantes do adversário. Esses que dentre eles tinha um que ficava mais aprofundado, o famoso “da sobra”.
Note no desenho abaixo como o time acaba gerando espaços nas costas dos mesmos alas:
Nota-se normalmente nesses sistemas que
os zagueiros estão encaixados com os 2 atacantes do adversario pra fazer uma sobra. Quando um
zagueiro sai pra cobrir o espaço, força-se a perda da sobra. Quando um volante
sai pra cobrir o espaço, além de perder mais um homem num meio já vazio,
libera-se outro homem. O maior erro desse modelo, alem de normalmente ser feito
com marcação individual e blocos muito distanciados, se dá nos alas que
normalmente atuam muito a frente, deixando muitos espaços e na liberação equivocada
do camisa 10, que se não recompor o meio o deixará bem vazio.
Já o pensamento B é mais arcaico
ainda. Muitos creem que tirar um homem mais ofensivo pra botar um supostamente
mais defensivo, torna o time mais defensivo, o que nem sempre acontece.
Preconceitos bobos e que são muito corriqueiros no país.
Era o A que eu esperava de Dorival
Junior. Um técnico que desde sempre se mostrou muito pragmata em sua passagem
pelo Vasco e pouco fez pra me mostrar que poderia mudar algo. Agora vocês devem
estar pensando, como você, Daiha, montaria o Vasco num 3-5-2, como você propôs
la no inicio desse post?
Pensemos primeiro:
Quais são os principais defeitos TÉCNICO-TATICOS do Vasco hoje? (não conto o
goleiro porque isso daí tem jeito não)
- Time pragmático, com pouca variação.
- Laterais que possuem defeitos defensivos e que tem seu potencial ofensivo explorado da maneira equivocada. Volantes ficam muito distanciados como opção de passe de centro o que faz com que os laterais errem muitos passes.
- Ataque pouco móvel e os jogadores que deveriam conferir velocidade se isolam nas pontas ou jogam de cabeça baixa (Marlone, Willie)
- Volantes muito fixos, fáceis de se marcar e que não estão em boa fase técnica (Soutto e Juninho).
- Dependencia total de Juninho Pernambucano e suas bolas paradas
- Pouca penetração na área, somado a poucas finalizações de fora da área e uso de muita bola pingada na área ineficiente.
- Recomposição mal-feita. Primeiro volante que não consegue retardar contrataques e direcionar o time adversário para o melhor lado da defesa de seu time (Sandro Silva não cumpre bem esse papel). Time toma muitos gols de contra-ataque.
- Uso de bloco muito baixo somado a contra-ataque lento, mostrando-se ineficiente na proposta reativa.
- Zaga que sofre com a lentidão de Cris, apesar de ele ter crescido muito nas últimas partidas e com certa inexperiência de Jomar, apesar do bom vigor físico e da boa capacidade de desarme. Isso somado a ineficiência defensiva dos outros setores da equipe.
- Constantes tentativas de passes em profundidade pro centroavante, o que faz com que o time perca muitas bolas que poderiam ser melhor trabalhadas. Com Thales, o índice de aproveitamento dessas bolas aumentou muito, porém o defeito ainda se mostra muito forte.
Há diversos outros defeitos que poderia ficar citando aqui, achei esse os principais.
A segunda pergunta que devemos fazer é: Quais são as virtudes desse
Vasco que poderíamos explorar melhor?
- Apoio dos laterais por dentro. Fagner é o melhor lateral nesse quesito no país e o Dorival pouco explora esse lado dele. Henrique me parece ter boa noção no apoio por dentro também. Yotun é um cara que prefere trabalhar por fora, mas que poderia também ser melhor explorado nele isso.
- Mais uso dos chutes de fora. Juninho, Soutto e Francismar são nomes que me parecem ter esse recurso e percebemos que vem sendo cada vez menos utilizado por esse Vasco.
- Explorar o combate do Jomar mais a frente. O bom vigor físico do Jomar, somado ao potencial de desarme dele (que lembra muito o de um certo mito por aí) poderia ser melhor explorado pra combates nas laterais de modo que se tenha a cobertura necessária.
- O pouco uso de tabelas melhor trabalhadas. Vi o Vasco só fazer isso em um jogo no ano, e muito graças ao criticado Montoya. Time trabalhou redondo, com a bola no chão, explorando o lateral da maneira correta e com muita troca de passe inteligente. Empatamos aquela partida por azar, merecíamos mais.
- O pouco uso do bom zagueiro Rafael Vaz, que poderia ser usado pra qualificar a saída de bola e poderia ser melhor explorado dando o combate mais a frente.
- O uso equivocado do Montoya, que quando foi escalado teve de jogar de costas ou isolado na ponta, o que faz com que sua característica forte que é o arranque seja pouco explorada.
- Dentre outras diversas coisas que poderiam ser citadas.
Como poderíamos somar esses defeitos e essas
virtudes mal-exploradas e montar um time que explore suas qualidades com um
3-5-2, como propus nesse post?
Nesse
campinho acima, fiz um resumo bem podre do que seria o meu 3-5-2. Percebe-se que eu
trabalharia com triangulo de base alta no meio, pouco comum nos 3-5-2 por aí.
Vou explicar a bagunça que fiz nessas setas mostrando como eu acertaria a
defesa desse time. Se eu fosse parar pra falar cada fase do jogo, esse texto ia
ficar gigante.
DEFESA ORGANIZADA:
- Time
sempre defenderia com duas linhas de quatro, com bloco médio-alto e tendo como
referencia a bola e o espaço, o famoso “zona-pressionante”. Se o time é atacado
pelo lado direito, o quarto membro da linha defensiva é o ala do lado esquerdo
e vice-versa. Isso se determinaria de acordo a saída de bola do adversário.
Vejamos no desenho abaixo:
Note que todos os espaços estão
fechados e que as linhas estão bem compactas. O ala do lado (Fagner) fecha a
paralela, o atacante do lado (Thales) faz a primeira pressão, o atacante oposto
(Reginaldo) fecha o meio. O zagueiro do lado (Jomar) abre pra dobrar a marcação
nos lados e a linha defensiva pende para o lado da bola. Pra cobrir o buraco
que teria do lado oposto, o ala oposto (Henrique) desce e compõe a linha de
quatro. No meio, o volante oposto (Francismar), fecha mais pelo seu lado, tendo
a segunda linha de quatro bem definida.
Esse padrão serviria em qualquer que seja a
altura da marcação, seja baixo, médio ou alto e sempre tendo como referencia o
espaço e a bola. Caso a saída seja feita pelo outro lado, inverter-se-iam os
papeis. Quem é “oposto” vira “do lado“ e vice-versa. Quando for determinado o lado da primeira saída
de bola, o time se mantém naquele modelo de marcação até o fim da jogada, mesmo
que haja inversão de lado na jogada.
O objetivo seria sempre
direcionar a saída pra uma das laterais, pra facilitar a pressão. Caso a saída seja
feita pelo meio, mantém a forma original, forçando a escolha de um dos lados e
então pende-se pro tal lado.
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DEFEITOS A
SEREM CONSERTADOS COM ESSE MODELO: Marcação frouxa, bloco baixo com contra-ataque
lento; laterais com problemas defensivos (dobradinha facilita esse problema);
VIRTUDES A
SEREM EXPLORADAS COM ESSE MODELO: Pressão na saída de bola com o bom vigor físico
do Thales e dos alas, evita que Juninho seja o primeiro a pressionar a saída,
como vem sendo atualmente, explora melhor o combate mais a frente de Jomar e de
Vaz e evita o combate direto do Cris, fazendo com que os centroavantes do time
adversário que tendem a buscar ele, facilitando a marcação.
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Se alguém tiver
curiosidade em como eu pensaria o ataque, como eu organizaria o time em cada
fase, eu faço com mais calma. Mas creio que isso já ajustaria algo e tomaríamos
muito menos gol.
Enfim, esse foi meu primeiro post de muitos se deus quiser. Falarei muito sobre Vasco, sobre tática e sobre ideias minhas quanto a ambos. Porque nao mesclar, correto?
Opiniões são
bem vindas!