segunda-feira, 28 de outubro de 2013




3-5-2, três zagueiros e VASCO

Fonte: Fox Sports


Conforme havia prometido para alguns, estou aqui para escrever como EU escalaria esse Vasco atual no 3-5-2 que fora tanto discutido essa semana entre os vascaínos quando o técnico Dorival Junior treinou em mais de um dia essa formação. Não vi o jogo contra a Ponte, pois estava fazendo prova, mas já soube que ele desistiu de usar os “tres zagueiros” de início e preferiu se manter no modelo que tava antes que tanto ama, que não vem dando certo e que culminou em mais uma derrota .


Como o bom Jonathan Wilson falou em seu post no The Guardian (http://www.theguardian.com/football/blog/2013/oct/24/formations-tactics-manchester-city), precisamos repensar se os numeroszinhos iniciais são o que baseia mesmo o time e se a partir deles podemos dizer como ele vai jogar, se defensivo, ou ofensivo. Muitas pessoas ao ouvirem que um time vai jogar no 3-5-2 têm diversas reações. Citarei as duas mais comuns:




A) “Meu time têm laterais que marcam mal. Para dar liberdade a eles, mete tres zagueiros, da liberdade aos meias tacando dois volantes e vamo que vamo!”


B) “Que droga! Tiramos um do meio campo para colocar mais um cabeça de bagre. RETRANQUEIRO”


Quanto ao pensamento A, temos de avaliar o contexto em que ele foi gerado. O “3-5-2 á brasileira”, principal causador dessa linha de raciocínio, foi (porque pra mim já tá pra la de ultrapassado) um MODELO DE JOGO que se ateve demais a sua formação inicial. Os técnicos que o adotavam se prendiam demais aos numeroszinhos, ao dar liberdade total para seus alas e camisa 10, deixando seus zagueiros livre para bater com os atacantes do adversário. Esses que dentre eles tinha um que ficava mais aprofundado, o famoso “da sobra”.

Note no desenho abaixo como o time acaba gerando espaços nas costas dos mesmos alas:




Nota-se normalmente nesses sistemas que os zagueiros estão encaixados com os 2 atacantes do adversario pra fazer uma sobra. Quando um zagueiro sai pra cobrir o espaço, força-se a perda da sobra. Quando um volante sai pra cobrir o espaço, além de perder mais um homem num meio já vazio, libera-se outro homem. O maior erro desse modelo, alem de normalmente ser feito com marcação individual e blocos muito distanciados, se dá nos alas que normalmente atuam muito a frente, deixando muitos espaços e na liberação equivocada do camisa 10, que se não recompor o meio o deixará bem vazio.

Já o pensamento B é mais arcaico ainda. Muitos creem que tirar um homem mais ofensivo pra botar um supostamente mais defensivo, torna o time mais defensivo, o que nem sempre acontece. Preconceitos bobos e que são muito corriqueiros no país.

Era o A que eu esperava de Dorival Junior. Um técnico que desde sempre se mostrou muito pragmata em sua passagem pelo Vasco e pouco fez pra me mostrar que poderia mudar algo. Agora vocês devem estar pensando, como você, Daiha, montaria o Vasco num 3-5-2, como você propôs la no inicio desse post?

            Pensemos primeiro:

Quais são os principais defeitos TÉCNICO-TATICOS do Vasco hoje? (não conto o goleiro porque isso daí tem jeito não)

          
- Time pragmático, com pouca variação.

- Laterais que possuem defeitos defensivos e que tem seu potencial ofensivo explorado da maneira equivocada. Volantes ficam muito distanciados como opção de passe de centro o que faz com que os laterais errem muitos passes.

- Ataque pouco móvel e os jogadores que deveriam conferir velocidade se isolam nas pontas ou jogam de cabeça baixa (Marlone, Willie)

- Volantes muito fixos, fáceis de se marcar e que não estão em boa fase técnica (Soutto e Juninho).

- Dependencia total de Juninho Pernambucano e suas bolas paradas

- Pouca penetração na área, somado a poucas finalizações de fora da área e uso de muita bola pingada na área ineficiente.

- Recomposição mal-feita. Primeiro volante que não consegue retardar contrataques e direcionar o time adversário para o melhor lado da defesa de seu time (Sandro Silva não cumpre bem esse papel). Time toma muitos gols de contra-ataque.

- Uso de bloco muito baixo somado a contra-ataque lento, mostrando-se ineficiente na proposta reativa.

- Zaga que sofre com a lentidão de Cris, apesar de ele ter crescido muito nas últimas partidas e com certa inexperiência de Jomar, apesar do bom vigor físico e da boa capacidade de desarme. Isso somado a ineficiência defensiva dos outros setores da equipe.

- Constantes tentativas de passes em profundidade pro centroavante, o que faz com que o time perca muitas bolas que poderiam ser melhor trabalhadas. Com Thales, o índice de aproveitamento dessas bolas aumentou muito, porém o defeito ainda se mostra muito forte.

Há diversos outros defeitos que poderia ficar citando aqui, achei esse os principais.

A segunda pergunta que devemos fazer é: Quais são as virtudes desse Vasco que poderíamos explorar melhor?


- Apoio dos laterais por dentro. Fagner é o melhor lateral nesse quesito no país e o Dorival pouco explora esse lado dele. Henrique me parece ter boa noção no apoio por dentro também. Yotun é um cara que prefere trabalhar por fora, mas que poderia também ser melhor explorado nele isso.

- Mais uso dos chutes de fora. Juninho, Soutto e Francismar são nomes que me parecem ter esse recurso e percebemos que vem sendo cada vez menos utilizado por esse Vasco.

- Explorar o combate do Jomar mais a frente. O bom vigor físico do Jomar, somado ao potencial de desarme dele (que lembra muito o de um certo mito por aí) poderia ser melhor explorado pra combates nas laterais de modo que se tenha a cobertura necessária.

- O pouco uso de tabelas melhor trabalhadas. Vi o Vasco só fazer isso em um jogo no ano, e muito graças ao criticado Montoya. Time trabalhou redondo, com a bola no chão, explorando o lateral da maneira correta e com muita troca de passe inteligente. Empatamos aquela partida por azar, merecíamos mais.

- O pouco uso do bom zagueiro Rafael Vaz, que poderia ser usado pra qualificar a saída de bola e poderia ser melhor explorado dando o combate mais a frente.

- O uso equivocado do Montoya, que quando foi escalado teve de jogar de costas ou isolado na ponta, o que faz com que sua característica forte que é o arranque seja pouco explorada.

- Dentre outras diversas coisas que poderiam ser citadas.




Como poderíamos somar esses defeitos e essas virtudes mal-exploradas e montar um time que explore suas qualidades com um 3-5-2, como propus nesse post?




Nesse campinho acima, fiz um resumo bem podre do que seria o meu 3-5-2. Percebe-se que eu trabalharia com triangulo de base alta no meio, pouco comum nos 3-5-2 por aí. Vou explicar a bagunça que fiz nessas setas mostrando como eu acertaria a defesa desse time. Se eu fosse parar pra falar cada fase do jogo, esse texto ia ficar gigante.



DEFESA ORGANIZADA:


- Time sempre defenderia com duas linhas de quatro, com bloco médio-alto e tendo como referencia a bola e o espaço, o famoso “zona-pressionante”. Se o time é atacado pelo lado direito, o quarto membro da linha defensiva é o ala do lado esquerdo e vice-versa. Isso se determinaria de acordo a saída de bola do adversário. Vejamos no desenho abaixo:



football formations

Note que todos os espaços estão fechados e que as linhas estão bem compactas. O ala do lado (Fagner) fecha a paralela, o atacante do lado (Thales) faz a primeira pressão, o atacante oposto (Reginaldo) fecha o meio. O zagueiro do lado (Jomar) abre pra dobrar a marcação nos lados e a linha defensiva pende para o lado da bola. Pra cobrir o buraco que teria do lado oposto, o ala oposto (Henrique) desce e compõe a linha de quatro. No meio, o volante oposto (Francismar), fecha mais pelo seu lado, tendo a segunda linha de quatro bem definida.

 Esse padrão serviria em qualquer que seja a altura da marcação, seja baixo, médio ou alto e sempre tendo como referencia o espaço e a bola. Caso a saída seja feita pelo outro lado, inverter-se-iam os papeis. Quem é “oposto” vira “do lado“ e vice-versa.  Quando for determinado o lado da primeira saída de bola, o time se mantém naquele modelo de marcação até o fim da jogada, mesmo que haja inversão de lado na jogada.

O objetivo seria sempre direcionar a saída pra uma das laterais, pra facilitar a pressão. Caso a saída seja feita pelo meio, mantém a forma original, forçando a escolha de um dos lados e então pende-se pro tal lado.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DEFEITOS A SEREM CONSERTADOS COM ESSE MODELO: Marcação frouxa, bloco baixo com contra-ataque lento; laterais com problemas defensivos (dobradinha facilita esse problema);

VIRTUDES A SEREM EXPLORADAS COM ESSE MODELO: Pressão na saída de bola com o bom vigor físico do Thales e dos alas, evita que Juninho seja o primeiro a pressionar a saída, como vem sendo atualmente, explora melhor o combate mais a frente de Jomar e de Vaz e evita o combate direto do Cris, fazendo com que os centroavantes do time adversário que tendem a buscar ele, facilitando a marcação.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Se alguém tiver curiosidade em como eu pensaria o ataque, como eu organizaria o time em cada fase, eu faço com mais calma. Mas creio que isso já ajustaria algo e tomaríamos muito menos gol.

Enfim, esse foi meu primeiro post de muitos se deus quiser. Falarei muito sobre Vasco, sobre tática e sobre ideias minhas quanto a ambos. Porque nao mesclar, correto?

Opiniões são bem vindas!