quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ANALISE COMPLETA: O CHILE DE “DON SAMPAOLI”

PARTE 1: LA U

A CAMPANHA DO TÍTULO E A ÓTIMA LIBERTADORES DO ANO SEGUINTE

           Mudarei um pouco da rotina e postarei sobre uma analise completa de uma equipe que vem assombrando o futebol sul-americano e que chega na Copa como grande surpresa: o Chile. Dividirei essa serie em alguns posts para facilitar a leitura! 

           19 de setembro de 2011. No Engenhão, uma mera disputa numa oitavas-de-final de Copa Sul-Americana. De um lado, um Flamengo com Ronaldinho Gaucho e Thiago Neves, cheio da marra, subestimando um adversário que no ano anterior já os havia eliminado da Libertadores: a Universidad de Chile.

Eduardo Vargas: o craque daquela La U
Fonte: pop.com.br

            La U, como carinhosamente é chamada pelos torcedores, estava com um time totalmente diferente do de 2010, que parou nas semifinais, quando era dirigida pelo argentino Gerardo Pelusso. Aquele time com Montillo, Victorino e Olivera se desfez praticamente todo e o técnico foi demitido no final da temporada. Assumia um desconhecido e que contava com total desconfiança da torcida: Jorge Luis Moya Sampaoli.

Jorge Sampaoli e seu tradicional bonezinho
Fonte: Blog do Sidney Rezende

           Após um primeiro semestre de vitórias, La U chegava a seu maior desafio naquele jogo. Vinha de uma série invicta de alguns jogos e mesmo assim ninguém no Brasil tinha conhecimento disso. Resultado disso: UM PASSEIO. A maior humilhação que já vi de um time perante a outro. Ataques incessantes, posse objetiva, triângulos formados em todo o campo. Literalmente, um “Barcelona das Americas”, como fora apelidado pela imprensa brasileira. Abaixo, o posicionamento da equipe naquele jogo:


           La U posicionada num híbrido 4-3-3/3-4-3. Rojas provocava essa variação ora atuando de zagueiro pela esquerda, ora atuando de lateral esquerdo, fazendo dobradinha com Mena por ali. Primeiro gol foi dele e saiu numa chegada por trás no ataque como se fosse um lateral. Na direita, domínio total do ótimo Matias Rodriguez, com intensidade física o suficiente pra fazer a subida e a descida no jogo inteiro e possibilitando também essa hibridização citada acima. A dupla Diaz e Aranguiz davam o apoio no meio, ditando o ritmo de jogo com um falso nove Lorenzetti que circulava o campo de ataque inteiro e abria espaços para a infiltração em diagonal de Vargas e Castro. 

          Um time firme, sólido e de muita volúpia ofensiva. Constantes trocas de posições, passes e transições rápidas, jogadas combinadas, intensidade na pressão da saída de bola e uma marcação individual por setor forte em todos os setores do campo foram alguns conceitos que foram perfeitamente executados naquele jogo. Surgia o “Sampaolismo”, que futuramente viria a fazer parte da seleção chilena.

          Digamos que aquela partida me encantou. Foi a partir daquele dia que eu vi o quanto a parte tática é fantástica no futebol. Quando recebi a noticia que aquele time avassalador enfrentaria o meu Vascão, juro que fiquei com medo. Chegado o dia, fui logo pegar a prancheta pra analisar aquele jogo. Foi a minha primeira analise tática da minha vida, com meros 15 anos de idade. Jogo começou e vi meu Vasco envolvendo aquele timaço da LaU, o que me surpreendeu profundamente. Diria que foi o melhor primeiro tempo que já vi de um time do Vasco em toda a minha vida. Os times se posicionaram inicialmente assim naquele jogo: 


         Encaixes de marcação e vitória individual das movimentações vascaínas. Vasco dominou os 35 minutos iniciais, com muita volúpia ofensiva e posse de bola chegando ao gol de Bernardo. Sampaoli fora surpreendido com o posicionamento vascaíno, já que esperava um time com dois atacantes. La U mesmo ameaçada e atrás do placar, ainda trazia perigos com Vargas e Canales, mesmo com um Lorenzetti inócuo, muito bem anulado por Romulo. 

          Aos 35 minutos do primeiro tempo, Sampaoli surpreendeu e logo o substituiu, colocando o ala Matias Rodriguez e repaginando o time assim: A entrada de Rodriguez acertou a LaU. Voltou-se a ter sobra na linha defensiva, Canales voltava com Romulo e Rodriguez tomou conta pela direita, dobrando em cima de Jumar, que teve pouco apoio de Felipe cansado. Chegaram ao empate com Osvaldo de cabeça, dando um balde de água fria nos Vascainos. Veja abaixo a LaU após a mudança e como uma simples mudança de posicionamento mudou o jogo.:



            Na volta, vitoria imponente por 2 a 0 e vaga na final contra a temerosa LDU que viria a ser batida facilmente pelos “Azules”. Os campeões sulamericanos encantaram o país e o continente com a bela bola que jogaram. Choveram propostas em cima dos jogadores e três grandes jogadores foram embora: Marcos Gonzalez partiu para o Flamengo, Vargas foi pro Napoli e Canales partiu para a China.

            A partir desse torneio, diversos jogadores passaram a ser convocados pelo então técnico argentino da seleção Claudio Borghi. Marcelo Diaz, Osvaldo Gonzales, Marcos Gonzales, Pepe Rojas, Eugenio Mena e o craque Eduardo Vargas começaram a ser chamados com frequência para os jogos das eliminatórias e para os amistosos,desfalcando o time chileno constantemente.

           Chegou 2012, e houveram reposições no time titular. Com a saída de Gonzalez, Acevedo passou a jogar mais. No lugar de Vargas, trouxeram do Peru o bom atacante Junior Fernandes. Para o lugar de Canales, subiram a promessa Angelo Henriquez. O time manteve a intensidade ofensiva, porém caiu em qualidade técnica e sofreu com os desfalques. Perdeu na semifinal de novo pro bom time do Boca Juniors e depois teve um segundo semestre mediano. Abaixo, o time base de 2012, que fez essa otima campanha na libertadores:


Time base de 2012: Manteve intensidade, mas com menos qualidade.

            Com o insucesso da seleção chilena no ano de 2012, com uma mísera sexta colocação nas eliminatórias e aproveitamento de 42%, Borghi caiu e ninguém era melhor que o próprio Sampaoli para assumir a seleção. Em novembro, o casildense foi escolhido para ser treinador e encerrou um ciclo que foi considerado o mais vencedor na história do clube. No próximo post da série, analisaremos os conceitos dessa Universidad de Chile a fundo e definiremos o Sampaolismo. Abraços!
           
              OBS: Comentarios sao bem vindos :)

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