domingo, 29 de dezembro de 2013

METALINGUÍSTICA TÁTICA

A ARTE DAS ANALISES ALÉM DO SENSO COMUM


          Terminada a série Chile estava pensando no que ia fazer. Não sabia se analisava uma nova equipe (tenho alguns planos), ou se começava a tentar explicar coisas básicas das minhas analises. Optei pelo segundo caminho, já que muitos não compreendiam como eu fazia esses estudos, que por incrível que pareça não são tão complexos, porem demandam vontade e esforço. Nessa série de posts que farei, explicarei tudo o que faço, para facilitar a leitura dos próximos posts.

             Um certo professor meu cansava de dizer nas aulas que: "Quem não sabe conceito, não sabe N-A-D-A". E se eu me disponho a escrever sobre esse assunto, é porque algum conceito dele eu estudei ou ao menos desenvolvi. Tentarei passar o que aprendi em leituras de meses em pequeníssimos posts para que a leitura fique agradável.

             Podemos considerar que analisar taticamente um time é uma ciência, e toda ciência tem um método. É a analise desse método cientifico "tático" que farei.

              Nesse primeiro post, que dividirei em duas partes, explicarei os elementos físicos que me chamam a atenção nas análises e no que eles influenciam nelas:

PARTE 1: ELEMENTOS FÍSICOS DO FUTEBOL


A) ELEMENTOS CONCRETOS

            Para a existência de um jogo de futebol, três são os elementos físicos concretos que devem estar presentes e que são visiveis durante o jogo: a BOLA, o JOGADOR e o ESPAÇO. Vejamos cada um separadamente inicialmente:

1) BOLA


a) DEFINIÇÃO BÁSICA: É o instrumento utilizado no jogo. Através de chutes, os jogadores tentam colocar a bola dentro da baliza e os goleiros, que podem utilizar as mãos, tentam evitar que ela entre.

b) NO QUE ELA INFLUI NO JOGO: Todos querem ter a sua posse. O time que está com a bola, além de buscar coloca-la no gol adversário, evita com que o outro time faça gols nele.

c) NO QUE ELA INFLUI TATICAMENTE: Por ser objeto de desejo, a área ao em torno da bola, seja lá onde ela esteja, é normalmente a mais densa (cheia de jogadores) do campo. Muitos técnicos elaboram sistemas de marcações, jogadas ofensivas, decisões rápidas a serem tomadas, tudo isso em função do posicionamento da bola. Fundamentos técnicos, como o passe, o chute, são todos desenvolvidos de acordo o movimento da bola após a realização do mesmo.

2) JOGADOR 

a) DEFINIÇÃO BÁSICA: É a unidade fundamental do jogo. É o operante das decisões, é quem tem a bola a seus pés e que, ao lado de dez companheiros, tenta fazer gols.

b) NO QUE ELE INFLUI NO JOGO: São 11 jogadores para cada lado, sendo 10 de linha e 1 goleiro, distribuídos ao longo do campo de acordo com o planejamento do treinador. São eles os protagonistas do espetáculo.

c) NO QUE ELE INFLUI TATICAMENTE: Por serem os protagonistas, são eles que tomam as decisões quando estão com a bola. Essas decisões (padrões de comportamento), sejam elas individuais ou coletivas, são o que norteiam a estratégia de um time para ganhar o jogo. Suas movimentações ao longo do campo, com e sem a bola, são os principais alvos das minhas analises. E por estarem sempre com a bola, tambem são alvos nas montagens dos sistemas ofensivos e defensivos dos adversários.


3) ESPAÇO


a) DEFINIÇÃO BÁSICA: É o local aonde o jogo é realizado. Nele, os 11 jogadores e a bola se colocam e a partida é realizada. Abaixo, as medidas padrão FIFA:

- Em partidas OFICIAIS: Comprimento – Min. 90m / Max. 120m. - Largura – Min. 45m / Max. 90

- Em partidas INTERNACIONAIS:
Comprimento – Min. 100m / Max. 110m - Largura – Min. 64m / Max. 75

b) NO QUE ELE INFLUI NO JOGO: No espaço, os jogadores progridem com a bola, circulam, trocam passe e correm. Com a lei do impedimento, o comprimento do ESPAÇO EFETIVO de jogo (local onde pode ser jogado a bola) diminui-se relativamente, sendo-se situado entre a linha de fundo da metade defensiva do time, até o último jogador da equipe adversária posicionado.

c) NO QUE ELE INFLUI TATICAMENTE: A ocupação efetiva dos espaços é a maior paranoia dos treinadores. Eles quebram a cuca, planejam maneiras para que a sua equipe ocupe melhor todos os locais disponiveis do campo de maneira racional, em todas as fases do jogo. Sistemas de marcação, jogadas ofensivas, bolas paradas, tudo usa o espaço como referencia.

B) RELAÇÕES ENTRE ELEMENTOS

              Apesar da análise separada, todos esses elementos são interconectados. De tão dinâmico que é o futebol, não ha como observar um, sem levar em conta o outro. Na visualização do jogo, os indivíduos, sejam eles torcedores, jogadores, ou treinadores, acabam tendo um deles como referencia prioritária, o que é natural da mente humana.

               Essa ordem de preferencia nas referencias é algo muito determinante na estratégia de uma equipe. Tomadas de decisões, sejam elas coletivas ou individuais, todas levam esses fatores em conta. Vejamos um belo exemplo abaixo:


       Voltando a um frame da minha série que fiz com o Chile, dou um belo exemplo de como uma tomada de decisão usou esses elementos básicos como referencia. O comportamento INDIVIDUAL do zagueiro Rojas mostrado acima evidenciou que a primeira referencia que ele teve, ao sair de seu espaço onde cobre para marcar o adversário mais em cima, foi o JOGADOR COM A BOLA, e não o ESPAÇO. Isso facilita na hora de tirar conclusões de como o jogador x marca, de como o time marca, como o time ataca, dentre outros fatores.
             
        Tendo esses três primeiros fatores como referencia, observando as suas prioridades de acordo com o que ocorre no jogo, lembrando-se sempre que padrões de comportamento devem mostrar repetições, conseguimos tirar conclusões e, combinado com os conceitos a serem aprendidos, conseguimos definir os aspectos táticos principais de uma equipe de futebol. No próximo post, analisarei os conceitos físicos abstratos do futebol e como eles influenciam as analises. Abraços! 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

ANALISE COMPLETA: O CHILE DE DON SAMPAOLI


PARTE 5 (2): O MODELO DE JOGO CHILENO


          Na segunda metade da última parte da série Chile, analisarei a fundo o modelo ofensivo que norteia a seleção chilena. Time de futebol vistoso, a Roja encantou e fez muitos gols na fase final das eliminatórias sul-americanas. Já deixando claro aos preguiçosos (a maioria), esse post será longo, já que não tem como avaliar um modelo de ataque em 3 parágrafos.

1) PRINCÍPIOS BÁSICOS OFENSIVOS DA EQUIPE CHILENA

        Para todo modelo de jogo, existem princípios e sub-princípios que norteiam as tomadas de decisões dos jogadores e da equipe como unidade. No caso dos de ataque, os PRINCÍPIOS se dividem nos seguintes elementos:

- CIRCULAÇÃO DA BOLA: Esse elemento determina como a bola passa pelos jogadores e pelos setores da equipe na produção do ataque. No caso desse time, a armação das jogadas tende a começar pelo meio nos setores mais recuados através dos volantes e dos meias para que se chegue às laterais nos alas e nos pontas em posições mais avançadas, através de passes curtos e verticais (que visam a progressão da bola para a frente).

Bola conduzida pelo meia no centro vai ser jogada ao lateral para que ele cruze ou entre na área

- RITMO DA EQUIPE: Esse elemento determina a velocidade que o time executa suas ações no campo. A equipe se usa de um ritmo muito rápido e muito intenso, que deixava os adversários acuados nos inícios das partidas. Porém, foi um fator que prejudicou um pouco o início da Era Sampaoli. A falta de um jogador que tivesse a capacidade de reduzir o ritmo da equipe em momentos de vantagem fez com que o time perdesse a posse de bola em alguns jogos devido a precipitação de seus jogadores. Com a entrada de Valdívia no time titular e as constantes aparições de Pizarro, o time conseguiu ter mais pausa e mais equilíbrio nesse aspecto.

- MOBILIDADE: Quando em posse, os jogadores da equipe chilena buscam dar opções de passe em progressão, muitas vezes formando os famosos triângulos que muitos dizem ser a essência do futebol moderno e que caracterizou o sucesso do Barcelona. Veja abaixo exemplos de como isso ocorria frequentemente:

No jogo contra a Bolívia, um belo frame mostrando esses triângulos

No jogo contra o Uruguai, um flagra de triangulação na esquerda. Observe como Aranguiz se desloca a frente para facilitar a progressão da bola.

- AMPLITUDE: Esse conceito se explica pelo modo que a equipe ocupa horizontalmente o campo (de lateral a lateral). Uma equipe pode ser larga, quando usa o máximo do espaço lateral do campo em todos os setores; ou estreita, quando posiciona seus jogadores laterais mais fechados. No caso do Chile, podemos observar uma equipe que abusa desse conceito, abrindo seu campo ao máximo limite na defesa, no meio e no ataque, o que condiciona a maiores explorações das laterais. Observe nesses ataques:


Os dois laterais bem abertos, abrindo o leque de opções no ataque


Novamente os dois laterais bem abertos, abrindo campo e esgarçando a linha defensiva adversária, que tem que se preocupar com eles.


- PROFUNDIDADE e PENETRAÇÃO: Conceitos que juntos abordam a ocupação longitudinal (de gol a gol) da equipe no campo e a capacidade da mesma em entrar nas linhas defensivas adversárias. Eles são muito bem explorados em conjunto pela Roja. A linha de defesa chilena, quando o time possui a bola, sempre sobe até mais ou menos o meio campo para que em caso de perda da posse possa se compactar para recuperar a bola rápido. 
             Já na parte da frente, a responsabilidade pela dupla profundidade-penetração no ataque fica por conta dos atacantes, com as entradas em diagonal sem a bola e com os duelos 1 vs 1 com a bola; dos meias, que exploram o espaço entre as linhas de marcação adversárias sem a bola e a conduzem na intermediária adversaria quando tem a bola; e dos volantes, com as chegadas de trás aos espaços livres da defesa adversária sem a bola e com arrancadas em direção ao gol quando tem a pelota. Veja os casos abaixo:

Com Vidal sendo escalado na função de falso 9, ele que fica responsável por tentar empurrar a linha de defesa adversária para trás, gerando PROFUNDIDADE

O mesmo Vidal (circulado de verde), agora escalado de meia do 4-2-1-3, explorando as costas da linha de marcação do meio campo da equipe boliviana, o famoso "espaço entre-linhas". Os atacantes, mais a frente, tentam atacar as costas da defesa, aprofundando a ocupação do espaço de jogo (área interna que o time ocupa) da equipe.

2) MOVIMENTAÇÕES OFENSIVAS COMUNS: OS SUB-PRINCÍPIOS

          Os sub-princípios se definem por padrões de comportamento que abordem situações mais específicas no jogo. Para facilitar a análise deles, os dividirei de acordo com as fases de jogo no ataque, começando desde trás:

a) Saída de bola ou fase 1 ofensiva:

      Para conseguir impor o estilo de jogo ofensivo de circulação curta trabalhada, é necessário que a bola saia limpa desde trás, sem chutões ou passes mascados. Com jogadores que sabem manejar bem a pelota, passando pelo arqueiro Bravo, chegando na primeira linha com Medel e Gonzalez, a bola tende a sair com mais qualidade dali de trás. Porém, o segredo do Chile nessa fase está no meio de campo e se dá pelo nome de Marcelo Díaz. Volante de boa técnica, tem boa visão de jogo e qualidade refinada no passe curto, o que lhe permite que ele sempre tome a decisão correta para a equipe nessa parte, o que é essencial para que a bola chegue a um jogador com mais liberdade.
        Mas uma andorinha sozinha não faz verão, ja dizia o bom ditado. Todo sistema defensivo apresenta um padrão de comportamento nessa fase de jogo. Ele varia de acordo o número de homens que Sampaoli escala atrás. Observem os dois casos, ja citados no post das analises individuais:    

                

             Primeiro, abordarei o segundo caso. Nele temos uma equipe escalada com linha de 3 atrás. Com isso, o zagueiro central se torna referencia na saída, os zagueiros laterais abrem bem e permitem ter um amplo espaço para dificultar a pressão adversária. Diaz entra logo como a primeira opção de passe, se movimentando atrás da primeira linha de pressão adversaria a fim de que o central logo jogue nele a bola para que ele faça a progressão limpa dela.

            Já no primeiro caso, abordamos uma equipe escalada com linha de 4 atrás. Com isso, Diaz se mete entre os zagueiros, toma conta do espaço central, provoca a abertura dos defensores aos lados e permite a subida dos laterais a linha de meio de campo, a famosa "saída lavolpiana", dada em homenagem a Ricardo La Volpe, promotor da ideia. Ela também dificulta a pressão adversaria e permite que os meias e volantes da equipe participem mais ativamente da construção da saída, pois eles recuam para dar a opção de passe a Diaz. Observem como Bravo, também participante ativo dessa fase de jogo logo aciona Diaz, que se posiciona centralizado:


Uso de Bravo como apoio e Diaz como opçao de passe

b) Construção de jogo ou fase 2 ofensiva

           Assim como citei no meu post la atrás sobre a Universidad de Chile que inspirou essa seleção chilena, dividirei a analise da construção de jogo, fase onde a equipe elabora a jogada no meio de campo, entre comportamentos no meio e comportamentos na lateral:

b.1) Comportamentos no meio

- TRIANGULO/LOSANGO CENTRAL: Sampaoli gosta de utilizar ao menos um triangulo no meio campo, já que essa forma é um ótimo jeito de oferecer linhas de passe curtas e de superar as linhas de marcação adversárias. Quando utiliza o 2-1 (triangulo de base baixa), o "1" tende a se movimentar no espaço entre-linhas do adversário, como podemos ver abaixo:


           Já quando usa o 1-2, seja com o triangulo de base alta, seja com o losango, um dos jogadores da base tende a recuar para fazer a dobrada e o outro tende a explorar o entre-linhas como podemos ver abaixo:

Nesse print, apesar de não ter conseguido tirar as imagens de Aranguiz e Diaz, que estavam mesmo mais atrás, podemos ver Vidal explorando o espaço

            Também podemos ver o posicionamento em 1-2 muitas vezes quando Diaz consegue conduzir com liberdade a bola pelo meio:


- RECUO DOS JOGADORES DE FRENTE: É comum de se ver nas equipes de Sampaoli os jogadores de frente vindo buscar jogo nas intermediárias para gerar espaços nas defesas adversárias que jogadores de trás (normalmente os volantes) podem vir a atacar. Podemos ver isso em diversas aplicações, seja no uso do falso 9 com Valdívia, seja nos retornos de Vargas e Sanchez para vir buscar jogo em zonas mais centrais. Vejamos:

Nesse frame, Valdivia (circulo preto) volta mais atrás para dar opção de jogo. Na função de falso 9, ele sai do espaço que um 9 tradicional ocuparia (trapézio) e recua para armar. Observe como o zagueiro venezuelano (verde) fica em duvida se sai de sua posição ou se persegue Valdivia.

Já nesse print, Sanchez conduz a bola pelo meio e Valdívia (10), que normalmente ocupa esse espaço, entra no espaço natural de Sanchez.

- CHEGADA DOS VOLANTES: Apesar de ja ter destacado isso em outras partes do post, prefiro deixar claro a importância dessa movimentação, principalmente feita por Vidal e por Aranguiz. A chegada de trás sobrecarrega a defesa adversária e é dificílima de se marcar. Observem como eles chegam com liberdade:

Nessa jogada, com a saída de Valdivia, Aranguiz (preto) logo tratou de atacar o espaço que ele gerou, chegando com facilidade a frente

Nesse print, Vidal (amarelo) chega com muita facilidade vindo a frente, aparecendo quase que como um centroavante. Com o uso de Valdivia, ele que passou a ser a referencia aérea ofensiva, com essas chegadas de trás.

b.2) Comportamentos nas laterais

- ULTRAPASSAGENS CONSTANTES DOS LATERAIS/ALAS: Em um time que tende a jogar pelos lados, os avanços dos laterais é quase que obrigatório para que ele flua dessa maneira. Com isso, eles tendem a ultrapassar os jogadores de frente, chegando a linha de fundo com frequência para centrarem a bola na área. É comum ver cenas de 2 x 1 nos setores do lado. Veja como isso ocorre dos dois lados:

O lateral direito Isla (preto) faz a ultrapassagem no seu lado chegando a linha de fundo

Idem para Mena (preto), ultrapassando pela esquerda

- INCORPORAÇÃO DOS HOMENS DE MEIO AO LADO: Para sobrecarregar o lateral adversário, é comum de se ver nessa equipe a chegada dos homens de meio, sejam eles volantes ou meias aos lados para fazer número nessa área do campo.

Vidal (amarelo) cai pelo lado direito

Valdívia (preto) cai pelo lado esquerdo

- ABERTURA DOS CORREDORES LATERAIS: Atitude comum em muitos times, os jogadores mais a frente se movimentam de fora para dentro para puxar o lateral adversário para o meio, ou então puxando o zagueiro do lado, abrindo espaço/corredor na defesa para o lateral/ala vir de trás com liberdade.

Atacante puxa zagueiro para o meio (setinha amarela) e abre espaço para que Diaz (21) passe entre ele e o lateral adversário. Isla (la em cima) ataca esse espaço e chega a linha de fundo

Vargas diagonaliza e abre espaço para Mena 

c) Transição ofensiva ou contra-ataques

                Transição ofensiva se dá pelo momento em que o time rouba a bola e começa um novo ataque. Dizem que o futebol moderno tem nas transições a sua principal fundamentação. Cada vez mais elas aceleram e ficam mais difíceis de se marcar. No caso da seleção chilena, ela é feita de maneira muito rápida, com alas e pontas voando pelos lados, com no mínimo 1 de cada lado e jogadores dando opção no meio ao portador da bola, que normalmente puxa esse "contra-ataque pelo meio. Observe os dois casos:

Como a bola veio pela direita, correu o ala desse lado (Medel), o ponta do outro (Vargas), Valdivia com a bola e Sanchez dando opção.

Nesse frame, o contra-ataque esta sendo puxado pelo lado. Três aglomeram pelo meio e tem no minimo um aberto de cada lado. 

d) Finalização ou fase 3 ofensiva

             Essa fase de jogo é a que a equipe ja está no quarto final do campo, elaborando o último passe para que se concretize a finalização. E há padrões de comportamento que determinam as ações nessa parte:

- APOIO POR DENTRO DO LATERAL QUANDO PONTA ESTA NA LINHA DE FUNDO: Quando Vargas/Sanchez/Beausejour estão mais abertos com a bola, os laterais entram em diagonal, para não ocuparem o mesmo espaço. Isso fica claro nessa jogada abaixo:


- PASSE NAS COSTAS DA DEFESA: Característica que foi reforçada com a entrada de Valdivia, o passe em ruptura, nas costas da defesa adversária, virou uma grande característica do Chile. Veja nesse lance mais uma entrada de Aranguiz e como Valdívia acionou-o perfeitamente nas costas da linha de defesa:


- "FACÃO" EM DIAGONAL DOS ATACANTES: Explorando a velocidade de Vargas e Sanchez, é muito comum ver essa movimentação em diagonal. Eles caminham em paralelo a linha defensiva adversária e quando o jogador com a posse der o passe, eles atacam as costas da defesa. Veja abaixo a movimentação de Vargas:


- SOBRECARGA NA ÁREA ADVERSÁRIA: Característica pura do Bielsismo, a chegada na área com muitos jogadores é muito comum. Volantes, meias e inclusive alas, chegam para tentar a finalização dentro da área quando o time está com a posse no último quarto do campo pelos lados. Veja:

Observe como o ala oposto Isla chega a área também para tentar a finalização. Volantes como Vidal e Aranguiz e os atacantes também aparecem por lá

         É, eu avisei que o post iria ser longo. Mas foi um belo presente de natal aos apreciadores. Esse é o ultimo post dessa série Chile, que me trouxe muitos elogios e reconhecimento. Acho que deu pra entender como joga a equipe, correto?
                  Aos que lerem esse post, um feliz natal a todos. Comam muita rabanada e se entupam de chester que nem eu farei. Abraços!






domingo, 22 de dezembro de 2013

ANALISE COMPLETA: O CHILE DE DON SAMPAOLI


PARTE 5 (1): O MODELO DE JOGO CHILENO


          Nessa ultima parte da serie Chile, explicarei o modelo de jogo da seleção chilena. Tendo em vista que a explicação de um modelo é muito complexa e demandaria muitos posts, aqui fica um resumo do mais importante. Mesmo assim, achei que conseguiria fazer em um post, mas pelo visto terei que fazer em dois para que não fique muito longo e cansativo.

         Para todo MODELO de jogo (jeito de jogar de uma equipe) há padrões de comportamento INDIVIDUAIS (que os jogador deve assimilar) e COLETIVOS (que a equipe deve assimilar). No decorrer desse post, vocês perceberão o quanto esses PRINCÍPIOS norteiam o jogo da equipe. 

1) SISTEMAS TÁTICOS FAVORITOS

        A definição de sistema tático se dá naqueles numerosinhos tão ditos pelos jornalistas e pelas pessoas quando vão tentar debater sobre essa área. Mas esses números em si, não explicam nada. Na seleção de Sampaoli, 4 foram os sistemas utilizados: os com centroavante (4-2-1-3 e 3-3-1-3) e os sem centroavante (4-3-1-2 e 3-4-1-2). Lembrando que o técnico usa da ideia de escalar a sua defesa sempre com um homem a mais que o ataque adversário, fazendo trocas sempre em função dessa "lei" caso o adversário surpreenda. Esquemas diferentes, porém sempre jogaram com o mesmo ímpeto ofensivo, com o constante uso das laterais e a pressão na saída de bola adversária. Observe abaixo:



2) MODELO DEFENSIVO 

          O modelo de defesa da equipe chilena se pauta numa cadeia de princípios que se ordenam pela seguinte prioridade: recuperar a bola na frente, encaixes de marcação nos jogadores próximos a bola, posicionamento defensivo em bloco alto, garantia da unidade defensiva por compensações com o uso de sobra e por último o uso da defesa organizada. Todos esses realizados com "pressing" (ação coletiva de coagir sobre o portador da bola) sob muita intensidade e garra dos jogadores da defesa chilena:


a) Recuperar a bola na frente

         Uma das características mais notáveis dos times de Sampaoli é o ímpeto que os jogadores da frente tem em tentar recuperar a bola logo no campo adversário. Como o técnico da seleção Espanhola Vicente del Bosque falou após o empate de 2 a 2 no amistoso de setembro, a pressão na saída de bola realizada pelos jogadores chilenos é "quase suicida". Veja abaixo exemplos de momentos que o time tenta a qualquer custo retomar a posse na frente:

4 jogadores tentando retomar a bola do portador

Três da frente pressionando a linha defensiva espanhola para tentar recuperar na frente a bola

b) Encaixes de marcação nos jogadores próximos a bola

           Assim como citei no meu post la atrás sobre a Universidad de Chile que inspirou essa seleção chilena, Sampaoli cobra de seus jogadores o máximo empenho em cerrar as linhas de passe próximas ao jogador que está com a bola. Esse fechamento se dá por marcação individual a esses jogadores próximos (homem como referencia prioritária inicial) e dificulta ainda mais a circulação da bola adversária. Veja abaixo como isso se repete nos prints:

Observe nesse frame como todas as opções de passe de avanço estão fechadas e a única opção de passe viável (a do lado) será pressionada pelo atacante chileno que vem de trás.

Ja nesse print, observe como Rojas sai de sua posição com o objetivo de se esforçar para cerrar a linha de passe de avanço mais próxima. O adversário é a primeira referencia de marcação dos homens de Sampaoli.

c) Posicionamento defensivo em bloco alto

          Para que a recuperação da bola seja feita mais a frente e que as linhas de meio de campo e ataque tenham liberdade para coagir sobre a saída adversária, a defesa precisa atuar bem avançada para que não haja um espaço enorme entre a linha de meio e a de defesa. Para que esse avanço seja possível, é necessário que os jogadores da linha defensiva sejam rápidos, como Medel, Isla, Jara e Mena são, já que tendem a tomar bolas às suas costas, onde se terá um enorme espaço. Abaixo, um belo exemplo de como num rebote de escanteio do Chile, o posicionamento da defesa avançada foi de extrema importância para evitar um contra-ataque uruguaio:




d) Garantia da unidade defensiva por compensações


       Um dos princípios defensivos que norteiam o futebol é o da "Unidade Defensiva". Ele se define pela capacidade que o sistema defensivo tem em agir como um corpo único. Só que o que acontece no caso de defesas que tenham o homem como referencia de marcação é que esse princípio tende a ser levado com menos relevância, o que gera muitos espaços e buracos nas zagas. Para que esse problema fosse evitado, Sampaoli gerou a consciência nos jogadores em que ao ponto que um saísse de sua posição para marcar um adversário individualmente, outro deveria cobrir o espaço deixado por ele, encaixando no adversário que tentasse ocupar esse buraco. Lembrando-se que eles sempre respeitam a regra de que deve-se ter superioridade numérica de no mínimo um em relação ao ataque adversário, a famosa "sobra". Observe como esse comportamento se repete nos frames abaixo:

Nesse frame, Gonzalez saiu para fazer o combate ao centroavante adversário. Com isso, Diaz imediatamente ocupou o seu espaço, fazendo a sobra defensiva.

 Já nesse frame, num tiro de meta adversário, Gonzalez saiu para dar o primeiro combate no ar (padrão de comportamento chileno), Medel ocupou seu espaço na sobra e Isla voltou para encaixar no atacante paraguaio.


e) A fase de defesa organizada


      Enquanto na grande maioria dos times, há a preferencia pela recomposição da equipe, organizar a defesa e depois tentar recuperar a bola, na seleção chilena, tudo ocorre ao contrário. A defesa fica avançada, os jogadores correm atrás da bola para recuperá-la o mais longe possível de seu gol, eles encaixam nos jogadores próximos e é raro de se ver a fase de defesa organizada. Só que ela acontece sim, e quando acontece é muito bem executada. O padrão de comportamento varia de acordo com o número de defensores escalados. Observe:



Na fase de defesa organizada, quando se é escalada uma linha de 4 atrás, o volante do lado ataca a bola (número 8, Vidal), o outro faz a diagonal de cobertura (Diaz) e o jogador do lado oposto (seja ele um ala, um outro volante ou ate um meia) fecha as linhas de passe centrais. Quanto aos laterais, o do lado (Isla) fecha as bolas em progressão próximas a linha lateral e o do lado oposto (Mena) fecha no miolo da zaga. Os jogadores de frente (no caso Sanchez) tentam fechar as possibilidades de passe de recuo.


       
Já quando Sampaoli escala 3, o comportamento da defesa é bem peculiar. Numa tendencia normal, os alas abaixariam e fariam uma linha de 5, o que acontece muitas vezes. Porém constantemente se vê o time defendendo com uma linha de 4 atrás mesmo com o uso de três zagueiros. Esse esquema proporciona essa vantagem: seja lá onde estiver a bola, ele permite que um defensor saia de seu posicionamento para caçar um adversário mais a frente na linha de meio sem gerar espaços as suas costas. Quando cai pelos lados, o ala do lado pega o jogador com a bola e o oposto fecha na linha de defesa. Quando no centro, um dos zagueiros sai para dar o combate e o que estava sobrando cobre seu espaço. 

          Percebe-se que é um sistema, apesar de ousado e muito arriscado, bem assimilado pelos jogadores e que eles cumprem muito bem suas funções. Apesar de eficiente, ainda cede gols por bobeiras, as vezes na saída de bola, muito elaborada, ou então em bolas aéreas, já que possuem defensores de baixa estatura. Na outra metade do post, a última da série, explicarei o modelo ofensivo desse Chile de maneira também detalhada. Se bobear faço ainda hoje, no mais tardar amanhã. Abraços e boa leitura!

           

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ANALISE COMPLETA: O CHILE DE DON SAMPAOLI


PARTE 4: QUEM É QUEM NA SELEÇÃO CHILENA?


        Perdoem-me a demora para uma nova postagem. Andei revendo todos os jogos da seleção chilena no ano de 2013 para poder tirar melhores conclusões e qualificar a minha análise. Nesse post de hoje, analisarei cada uma das peças que Jorge Sampaoli usa com frequência na equipe.

         Nota-se claramente que é uma geração diferenciada. O amadurecimento da geração de ouro de 2007 trouxe ótimos frutos. Jogadores chaves que jogam em clubes grandes da Europa, peças importantes do futebol interno, somados a uma boa coordenação técnica deram em sucesso. Vejamos cada uma das principais:

1) CLAUDIO BRAVO: O capitão da seleção


          Arqueiro da seleção chilena desde 2007, é um dos pilares da equipe. Com muita voz dentro do elenco, se firmou como capitão com Sampaoli, ganhou confiança e vem fazendo partidas muito boas entre as traves. Tem boa qualidade com os pés também, o que facilita o seu uso como apoio em caso de uma pressão mais alta do adversário. A boa reposição de bola longa nos atacantes já gerou ótimos contra-ataques diretos para a equipe chilena. Nem mesmo a concorrência do bom Johnny Herrera, o trouxe ameaças para a vaga. 

2) MARCOS GONZALEZ: O dono da bola aérea e o jogador da cobertura


          Muito criticado aqui no Brasil por sua lentidão, o zagueirão Gonzalez também é peça ideal no esquema de Sampaoli. Profundo conhecedor do sistema, trabalha sempre com no máximo um-dois toques na bola, entregando ao volante de maneira limpa. Além de ser geralmente o responsável pela marcação do centroavante adversário (quando sai para persegui-lo, imediatamente Diaz o cobre, vide foto acima) é literalmente quem manda no alto, seja nas bolas aéreas defensivas ou ofensivas. Na defesa, o time se compacta nos tiros de metas adversários evitando rebotes as suas costas para que ele seja o dono da primeira bola no alto. Ja no ataque, é sempre a referencia nos escanteios e faltas, onde normalmente jogam a bola em sua direção para tentar escorar.

3) GARY MEDEL E GONZALO JARA: Marcação firme, versatilidade e muita velocidade

         Velozes, raçudos e carrapatos, Medel e Jara conseguem compensar a lentidão de Gonzalez no sistema defensivo chileno. Marcam em cima, firmes, sabem pressionar o jogador que está com a bola no time adversário e além disso tudo sabem sair jogando bem. O primeiro é titular absoluto da equipe, nunca sendo preterido por Sampaoli, enquanto o segundo constantemente entra, de vez em quando é escalado de titular e sempre corresponde bem. Além disso, pesa a favor deles a versatilidade de ambos. Jogam na lateral, de volante, de zagueiro, de ala, dando boas armas a Sampaoli. Observe abaixo um exemplo de como ocorreu no jogo contra a Bolívia pelas eliminatórias:


            Aos 15 minutos do segundo tempo, Jara entrou no lugar do então centroavante Paredes, que pouco estava participando do jogo. Sampaoli mudou pro 3-5-2 e conseguiu trazer a sobra de novo, que tinha sido perdida quando a Bolívia havia inserido um atacante. Com o cansaço de Medel, que não é ala direita de origem e havia corrido muito, o técnico o trouxe para a zaga e liberou Jara por ali. Foi num cruzamento dele que saiu o terceiro gol chileno na partida.

4) PEPE ROJAS, EUGENIO MENA E JEAN BEAUSEJOUR: O lado esquerdo da equipe chilena

           Com o bom trabalho na La U, Sampaoli trouxe alguns jogadores daquela equipe para virarem pilares da seleção. Um deles foi o ala esquerdo Eugenio Mena. Os técnicos anteriores, quando não possuíam Beausejour, sempre improvisavam alguém naquele setor, e com o surgimento desse bom lateral, que apoia muito e tem regularidade física o suficiente para fazer o sobe e desce, o lado esquerdo ganhou força.

           Já Beausejour, como disse, é um dos mais velhos dessa equipe. Ala de 29 anos, tem boa experiencia no futebol inglês. Ainda não reeditou as ótimas atuações dos tempos de Bielsa, mas parece ser um jogador de confiança de Sampaoli. Pode ser usado em qualquer uma das três funções do corredor, mas normalmente o utilizam na ponta, o que atrapalha um pouco o seu futebol, pois se choca diretamente com os zagueiros adversários. Quando joga junto de Mena, fazem boas combinações pelo setor, o que dificulta a vida dos laterais direitos adversários. Observem abaixo um exemplo de ultrapassagem de Mena quando Beausejour vem buscar a bola mais atrás:


          Enquanto os outros dois tem características mais ofensivas, Pepe Rojas é quem fica mais preso por ali quando escalado. Zagueiro de boa saída de bola, é muito veloz, marca em cima e pode também jogar na lateral esquerda. Ex-capitão da La U de Sampaoli, tem muita força no vestiário dessa seleção. Apesar da lesão que o deixou afastado por um tempo, fazendo com que Jara fosse escalado por ali quando usada uma linha de 3 zagueiros, parece ser um jogador que também goza da confiança do treinador. 

5) MARCELO DIAZ E DAVID PIZARRO: Saída de bola qualificada e posse garantida

         Marcelo Diaz é mais um dos que vieram da safra da Universidad de Chile multicampeã. Lateral direito de origem, foi deslocado ao meio de campo por Sampaoli e virou um belo primeiro volante, muitas vezes sendo comparado a Xavi pela qualidade que tem no passe e a boa visao de jogo. Dono da saída de bola, ele entra no meio dos zagueiros quando o time joga com uma linha de 4 e recua como vértice do losango, quando jogam com uma linha de 3. Com a qualidade no passe curto e a boa capacidade de tomada de decisões em curto tempo, a saída de bola chilena qualificou e muito. Observem abaixo os dois tipos de saída de bola:


         Ja David Pizarro é um craque consagrado no futebol chileno. Tambem volante, o "Fantasista", como é apelidado no país, foi convencido por Sampaoli a sair de seu retiro de 7 anos da seleção e retornou a equipe para fazer um papel importantíssimo. Bom manejador da pelota, entra para reter a posse de bola, se oferece como apoio a saída de bola, qualifica o passe longo e reduz o ritmo da intensa equipe chilena quando está ganhando. Não apresenta mais a mesma volúpia física que apresentava antes, mas continua sendo muito útil e é mais uma bela opção para a Roja.

6) MAURICIO ISLA, CHARLES ARANGUIZ E ARTURO VIDAL: Os motores do time chileno

       Tres jogadores de muita intensidade física, Isla, Aranguiz e Vidal, junto c a dupla de atacantes, dão velocidade e são os responsáveis diretos pela intensidade e velocidade em todas as fases do jogo. Jogadores versáteis, jogam em diversas funções e dão ainda mais dinamismo a equipe.

         Mauricio Isla é o dono do lado direito chileno. Lateral da Juventus, é um jogador de muita intensidade física, faz o sobe e desce que a função exige com perfeição em todas as fases do jogo e tem ótima leitura dos espaços. Sabe atacar as costas do lateral adversário na hora certa e com o espaço que Sanchez, seu ex companheiro de equipe na Udinese, gera, tem muita liberdade para subir, sendo uma ótima arma. Veja abaixo um bom exemplo dessa leitura, num momento em que o ponta Sanchez carrega a bola pelo meio e Isla ataca as costas do lateral:


     Ja pelo meio, Charles Aranguiz pode-se perfeitamente definir como o "Sampaolismo" em forma de jogador. Jogador veloz, corre para todos os lados do campo, tem bom passe e sabe se projetar bem, atacando a linha defensiva adversária. Faz a bola girar pelos dois lados, verticaliza as ações do time, dificulta a marcação adversária com suas incursões a área, lembrando muito Paulinho, e tem folego o suficiente para pressionar o adversário seja lá onde esteja. Mais um ótimo jogador daquela La U e que se firmou com Sampaoli na seleção.

        E se eu fosse ter que escrever tudo o que acho sobre Arturo Vidal taticamente, isso me renderia um post separado. Um dos melhores meio campos do mundo, joga em praticamente todas as posições. Com Bielsa e Borghi, chegou até a jogar de zagueiro. Com Sampaoli, é um dos jogadores mais avançados da equipe, com muitas chegadas á area vindo de trás, o que lhe rendeu muitos gols. Tendo em vista que o técnico não conseguiu encaixar um centroavante nesse time, passou a ser o jogador que mais aparecia pelo centro da área, com os espaços que Valdivia gerava. Muito forte fisicamente, rompe as defesas adversárias e tem ótima visão de jogo. COMPLETO! Veja abaixo uma das milhares de incursões de Vidal a área do outro time:


7) EL MAGO VALDIVIA E MATIAS FERNANDEZ: Magia com a bola nos pés

        Provavelmente os dois jogadores de mais qualidade técnica na equipe. Camisa 10 de ambas as equipes que jogam, Valdivia e Fernandez são jogadores cerebrais, que conseguem pausar e determinar o ritmo de uma equipe. Na era Bielsa, revezavam na função do enganche do 3-3-1-3 bielsista. A qualidade no último passe, a capacidade jogar com a cabeça levantada e o bom drible em arrancada os fazem encaixar bem nessa função. E essas mesmas características os qualificam pra jogar numa função pouco comum no futebol e que Messi a reacordou: falso 9. Veja abaixo um exemplo de Valdivia nessa função, atraindo o marcador e gerando espaço para penetraçao de Sanchez na linha defensiva adversária:

            
            O primeiro vem jogando mais com Sampaoli. Sua entrada na função que citei acima além de dar mais liberdade para as entradas de Sanchez e Vargas, trouxe pausa a equipe e calma para manejar a bola, o que faltou e muito nas partidas contra Uruguai e Paraguai. O time nao perdeu intensidade e soube ser mais paciente, o que ajudou a ter total controle da partida contra a Venezuela. Ja o segundo entrou nas duas primeiras partidas e conseguiu reestabelecer a calma quando o time tomava pressão com a vantagem no placar, mas a pouca sequencia de jogos que vem tendo em seu time, a Fiorentina, atrapalhou e muito o ritmo de Matias,o que ja fez até Sampaoli repensar nas suas convocações.

8) ALEXIS SANCHEZ E EDUARDO VARGAS: Velocidade, penetrações e GOLS!

             Uma dupla de ataque eficiente é aquela que cria e faz gols. E isso nao falta para Sanchez e Vargas, principalmente para o último, que só nao marcou em 2 partidas da era Sampaoli, curiosamente em 1 ele nao jogou. Habilidosos e rápidos, sao o terror das defesas adversárias. Entram em diagonal perfurando as defesas adversárias, fazem jogadas combinadas com os laterais, abrem espaços para a chegada de trás dos volantes e finalizam bem. Ambos estão em ótima fase na seleção, o que facilitou ainda mais! Ambos podem jogar nas duas funçoes do ataque, o que tambem abre um maior leque de opções para Sampaoli montar a linha de frente! Abaixo, uma das penetraçoes em diagonal de Vargas, num frame tirado do blog do Cecconi:


             Somando todos esses destaques individuais ao resto do elenco, este que Sampaoli tem em sua mão, la Roja assombrou e incomodou a muitos adversários nesse ano de 2013. Proximo post, analisarei a equipe em si e seus principios táticos que fundamentam o seu jogo. Abraços!