ANALISE COMPLETA: O CHILE DE DON SAMPAOLI
PARTE 2: O QUE SE TIROU DAQUELA LA U? (CONTINUAÇÃO)
Conforme prometido no último post, estou aqui fazendo a análise de como aquela Universidad de Chile atacava, estrategias comuns, dentre outros aspectos ofensivos que se eram usados como recurso. Se eu fosse avaliar tudo mesmo daquela equipe, provavelmente faria um testamento, mas como não é o proposito desse blog, tentarei resumir:
MODELO OFENSIVO DA UNIVERSIDAD DE CHILE
Nesse aspecto, Jorge Sampaoli é um pouquinho mais eclético que seu mentor Bielsa. Enquanto o último sempre montava seu ataque com 1 meia/3 atacantes (o famoso "1 enganche y 3 puntas), o primeiro ja varia mais de acordo a necessidade do jogo, porém sempre mantendo o estilo de jogo. Podemos observar algumas combinaçoes que Sampaoli ja usou. Vejamos abaixo:
a) Estilo Bielsa: 1 enganche y 3 puntas.
Com esse ataque, como foi feito no jogo contra o Vasco pela sulamericana, ele usa tanto o 3-3-1-3 (quando o time adv usa 2 atacantes, lembrar último post) e o 4-2-1-3 (quando o time adv usa 3 ou 1 atacante). Normalmente, o centroavante tem que ser um cara que participa ativamente da armaçao das jogadas, buscando bola atrás e que abra espaço para a infiltraçao dos pontas, do meia e dos alas em diagonal.
b) O uso do falso 9
Na funçao de "falso nove", Sampaoli gosta de colocar jogadores de boa leitura de jogo para gerarem o espaço e darem o passe final para esse jogador que infiltrou finalizar. O time fica com muitas variaçoes e literalmente faz a bola rodar, pois acaba conseguindo mais um no meio de campo, gerando superioridade numerica. Na La U, usava normalmente Lorenzetti nessa funçao. Ja na seleçao chilena, Valdivia e Vidal foram usados nessa funçao. Quando ele se usa desse recurso, ele normalmente joga o time num 3-4-1-2 (com o 1 sendo o falso 9) ou um 4-3-1-2, dependendo de como o adversario joga.
Como todos sabem, todo ataque começa desde lá de trás, com os zagueiros. Essa fase de jogo, conhecida como fase 1 de ataque, é a famosa saída de bola. Os dois modelos de saída existentes são a saída curta, onde a bola passa pelos zagueiros e chega aos volantes através de passes curtos e a saída de bola direta, daonde se tenta uma ligaçao direta para o ataque. A Universidad de Chile se usava do primeiro modelo, trabalhando a bola desde trás para que se tivesse uma construção de jogo limpa. Observem abaixo um exemplo de posicionamento na saída:
Há um padrao de comportamento em todos os times de Sampaoli nesse momento do jogo. O primeiro volante (na imagem, Diaz) é sempre a opção principal de passe para facilitar a vida dos zagueiros, o eixo da saída de bola. Quando jogam com uma linha de quatro atrás, ele infiltra na linha defensiva pelo meio, os zagueiros abrem e os laterais sobem, abrindo o jogo no meio campo. Quando jogam com 3 atras, os zagueiros laterais abrem e ele se posiciona na ponta do vértice do losango defensivo, como podemos ver acima.
Se ele está bem marcado, os zagueiros podem conduzir a bola até achar um jogador mais a frente livre, ou eles recuam para o goleiro, que constantemente é usado de suporte quando há muita pressão do adversario. É por esse motivo que Sampaoli, assim como Bielsa, gosta de usar jogadores com qualidade com a bola nos pés atras, sejam eles zagueiros, volantes ou até laterais de caracteristica mais defensiva.
Disparado a parte mais dificil de análise, a fase 2 ofensiva, ou construção de jogadas é a parte do jogo com o maior número de combinações possíveis. É nessa parte que a maioria das "setinhas" dos esquemas e desenhos montados se situam.
Há algumas variáveis que determinam um modelo de jogo dessa parte: velocidade de circulação da bola (rápida/lenta), tipo de posse de bola (direta/curta/objetiva), amplitude (extensao lateral) do time (estreito/largo), profundidade (extensao latitudinal) do time, por onde a bola circula (pelos lados, pelo meio, por um lado), como o time ocupa os espaços do campo e as diversas movimentações feitas para desconstruir a defesa adversária.
Aquela Universidad de Chile circulava a bola com muita velocidade, fazendo a girar com o objetividade, sempre buscando a frente. As laterais eram as partes do campo mais utilizadas e as constantes trocas de posiçao do sistema ofensivo confundiam os adversarios. Os alas (normalmente Rodriguez e Mena), junto com os pontas (Vargas e Castro) determinavam a amplitude do time, que era bem larga e os atacantes junto com os volantes/meias determinavam a profundidade do time dependendo da situaçao.
Quanto as movimentaçoes padrao, as dividirei em duas parte para análise: posse na lateral e posse no meio
a) PADROES DE COMPORTAMENTO NAS LATERAIS
a.1) ALTA DENSIDADE NAS DUAS LATERAIS: Era muito comum se ver nesse time a constante superioridade numérica nas laterais. Via-se sempre no minimo 3 jogadores ocupando essa parte do campo. Com maioria por ali, o time chegava a linha de fundo com facilidade e fazia os laterais adversários sofrerem, atacando às suas costas. Observem abaixo um exemplo claro disso na esquerda:
No print acima, podemos observar cinco jogadores ocupando a região da lateral esquerda. Rojas com a bola, Aranguiz dando opção de passe de segurança para trás, Mena garantindo a amplitude do time, Lorenzetti dando a opção de passe pelo meio (interior) e Castro ataca as costas do lateral flamenguista.
a.2) AS COMBINAÇOES LATERAIS:
Um dos recursos mais utilizados por essa equipe é a permutação das posições. Jogadores saem de suas posições para confundir os adversários e geram espaços em seus locais originais. Com isso, o jogador que tende a ocupar o local de destino do anterior se desloca para o lugar que o jogador que saiu ficava. Isso confunde a marcação e abre espaços para se chegar mais a frente. Uma permuta perfeita! Vejam abaixo um caso em que o ala Rodriguez conduz a bola pelo meio e imediatamente o falso 9 Lorenzetti cai pelo lado direito:
a.3) VOLANTES QUE CAEM PELOS LADOS
Era comum se ver nesse time os dois volantes caindo pelos lados, puxando marcação dos volantes adversarios. Isso além de gerar a superioridade numérica citada anteriormente, gerava espaços para Lorenzetti e os atacantes. Veja abaixo como isso ficou bem claro:
B) PADROES DE COMPORTAMENTO PELO MEIO E TRANSIÇOES OFENSIVAS
Como os times de Sampaoli tem como preferencia o trabalho pelos lados, o meio era utilizado como local de transiçao. As transiçoes ofensivas (o contrataque), um dos fortes desse time, ocorriam com intensa velocidade nessa regiao do campo. Normalmente, Diaz, Aranguiz e Lorenzetti ocupavam e bem o meio, com suporte pelos lados dos alas e suporte em profundidade pelos atacantes. A intensa troca de posiçoes se mantinha firme, com compensaçoes espaciais perfeitas. Um exemplo abaixo:
Um dos recursos mais utilizados por essa equipe é a permutação das posições. Jogadores saem de suas posições para confundir os adversários e geram espaços em seus locais originais. Com isso, o jogador que tende a ocupar o local de destino do anterior se desloca para o lugar que o jogador que saiu ficava. Isso confunde a marcação e abre espaços para se chegar mais a frente. Uma permuta perfeita! Vejam abaixo um caso em que o ala Rodriguez conduz a bola pelo meio e imediatamente o falso 9 Lorenzetti cai pelo lado direito:
a.3) VOLANTES QUE CAEM PELOS LADOS
Era comum se ver nesse time os dois volantes caindo pelos lados, puxando marcação dos volantes adversarios. Isso além de gerar a superioridade numérica citada anteriormente, gerava espaços para Lorenzetti e os atacantes. Veja abaixo como isso ficou bem claro:
B) PADROES DE COMPORTAMENTO PELO MEIO E TRANSIÇOES OFENSIVAS
Como os times de Sampaoli tem como preferencia o trabalho pelos lados, o meio era utilizado como local de transiçao. As transiçoes ofensivas (o contrataque), um dos fortes desse time, ocorriam com intensa velocidade nessa regiao do campo. Normalmente, Diaz, Aranguiz e Lorenzetti ocupavam e bem o meio, com suporte pelos lados dos alas e suporte em profundidade pelos atacantes. A intensa troca de posiçoes se mantinha firme, com compensaçoes espaciais perfeitas. Um exemplo abaixo:
B.1) FALSO NOVE E CENTROAVANTE COMO EXPLORADORES DO ENTRE-LINHAS
Quando os times fazem suas marcações, eles criam linhas para facilitar a ocupação dos espaços. Se elas nao tiverem bem compactadas, gera-se espaços. Times que exploram muito bem esses locais (os famoso entre-linhas) chegam com facilidade a frente, pois eliminam 3-4 jogadores de marcação de uma vez só e ficam de frente para uma possivel finalização. Nos times de Sampaoli, o principal explorador desses locais é o jogador que se é colocado no meio de ataque, seja ele um centroavante ou um meia. Os pontas, quando afunilam/centralizam, tambem se usam desses espaços Abaixo um belo exemplo da movimentaçao de Lorenzetti por ali:
B.2) JOGADORES QUE CHEGAM DE TRAS PARA ATACAR A LINHA DEFENSIVA
Também é muito comum se ver a incoroporaçao rápida de jogadores das linhas mais recuadas às linhas mais avançadas. Isso sobrecarrega a defesa adversaria e dificulta muito a marcação. Normalmente isso fica a encargo dos volantes e dos alas. Logo no primeiro lance de jogo, podemos ver Mena e Aranguiz atacando a linha de defesa do Flamengo:
OBS: Observem nesse frame uma coisa bem curiosa. O zagueiro Osvaldo chegando bem a frente para apoiar. Quando na linha de 3, os zagueiros abertos constantemente sobem pra preencher espaço no meio ou até nas laterais. Isso facilita muito para manter a posse de bola e até para uma recuperação de bola mais a frente no lance seguinte.
4) CHEGADAS A PARTE FINAL DE ATAQUE
Times do Sampaoli chegam com muita gente a frente. Dependendo da situaçao chegam a colocar 5, até 6 dentro da área. E tem as chegadas de trás para rebotes ofensivos muito bem definida. Um bom exemplo disso aconteceu no primeiro gol contra o Flamengo:
Observem: Tres jogadores na área tentaram o cabeceio no cruzamento de Rodriguez. Lorenzetti vinha de trás, quase sendo um quarto homem na área. Pro rebote ofensivo, a segunda onda tinha mais tres homens (Aranguiz, Diaz e Rojas). Na sequencia do lance, Lorenzetti chutou, a bola bateu no zagueiro flamenguista e sobrou pra Rojas, que bateu de fora da área e fez o gol.
Enfim, isso era aquela Universidad de Chile, que encantou a America do Sul com um futebol envolvente e de muita intensidade. Campeoes da sul-americana, muitos desse time vieram a ser aproveitados no time do entao treinador da seleçao na epoca Claudio Borghi. Proximo post, mostrarei quem ele aproveitou dali, o porque do fracasso dele e a entrada de Sampaoli na seleçao. Comentarios são sempre bem vindos! Abraços!
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