Apos a goleada sofrida para o Avai por 5 a 0 dentro de casa, o tecnico Adilson Batista, muito contestado pela torcida, entregou o cargo e deixou a equipe dias antes do segundo jogo contra o ABC pela Copa do Brasil. Sem tempo para treinar, Jorge Luiz, auxiliar e interino no momento, tentou montar a colcha de retalhos na qual o Vasco se encontrava e colocou um Vasco num jeito muito parecido com o de Adilson. Derrota por 2 a 1 consumada, eliminacao concretizada.
Quando teve a oportunidade de treinar a equipe e dar um pouco da sua cara, fez um time menos desorganizado na frente, porem com muitos problemas defensivos ainda. Vitoria por 3 a 2 com dois gols de bola parada em cima do America/MG e volta ao G4. Resultado que veio em otima hora, ja que esse seria o ultimo jogo com interino. Joel Santana, o velho Papai Joel, houvera sido anunciado no dia anterior para tentar salvar o time da situacao que estava.
Time contra o Mecao ainda pecava em concentrar muito o jogo no meio e usava pouco os laterais. Equipe acelerava pouco na frente e dependia muito de movimentacao (ainda fraca) dos homens de frente para gerar espacos. Problemas da era Adilson.
O novo treinador somente teve dois dias de treino, um com a equipe titular, e logo no treino da segunda-feira, ele escalou o time com Diogo Silva; Diego Renan, Rodrigo, Douglas Silva e Lorran; Guinazu, Fabricio, John Cley e Douglas; Maxi Rodriguez e Thalles. Uma escalacao que nao surpreendeu nem um pouco, comparado a seu historico como comandante de outras equipes. A predilecao por sistemas com 3 volantes sempre foi uma grande marca do Papai.
Lendo a listagem, o torcedor do Vasco se preocupou. Tanto havia reclamado do uso de Diogo Silva como titular e do sistema de tres volantes tao adotado por Adilson Batista, ele viu o fantasma voltando. So que como mal de todo brasileiro apaixonado por futebol, analisou a equipe pelos nomes e nao esperou nem o time entrar em campo para saber como iria se comportar, quais seriam as ordens, as ideias de Joel, o comportamento da equipe. O treineiro barrou o goleiro, colocando o menino da casa Jordi e mostrou que um dia foi o suficiente para mudar o jeito de atacar da equipe
Antes de avaliar o novo jeito de jogar, avaliemos as circunstancias da partida de estreia. O Vasco jogaria em casa, precisando de resultado para consolidar um bom inicio com o novo treinador, contra um Luverdense desfalcado de seus dois principais jogadores: Misael e Reinaldo. Sabendo disso, os visitantes entraram com um sistema que nao vinha usando normalmente: o 4-5-1. As equipes foram para a partida assim:
Vasco no 4-3-1-2 bem a la Joel e a Luverdense mais contida num 4-1-4-1 de linhas baixissimas
E nao sei se o mesmo torcedor reclamao se surpreendeu tanto quanto eu. Vimos uma equipe procurando jogo, acelerando mais a circulacao de bola na intermediaria adversaria e tornando mais objetivo a troca de passes. Como indiquei em laranja, os laterais eram quem dava a amplitude em todas as fases de ataque (Construcao, Armacao e Concretizacao), tendo suporte com o recuo de Guinazu (veja no espaco amarelo) e com a menos liberdade dada a Fabricio. Muito ofensivos, buscavam apoiar as jogadas sempre muito abertos seja la onde tivesse. Observemos esse frame:
Diego Renan e Lorran abrindo bem o campo no meio campo. Note Guinazu muito proximo na saida de bola, interagindo mais com a linha de zagueiros do que com a dupla de segundos volantes.
Quanto ao ritmo de jogo, foi a mais notavel mudanca feita por Joel. Embora o time ainda sofra com alguns lapsos de atencao quando em conforto, o time construia a saida com a qualidade que o time de Adilson tinha e ganhou o aditivo de ter um jogo mais acelerado na intermediaria avancada. A maior liberdade dada ao trio de frente, que pouco voltava para marcar, fazia com que eles poupassem mais energia para se movimentar e abrir espacos na frente. Ate o Douglas, notavelmente conhecido por ser muito estatico, se mexeu mais para buscar jogo e sair da zona central, onde foi inicialmente posicionado.
Falando em defesa, a equipe se defendia claramente com uma ultima linha de 4 proxima da linha de 3 no meio campo encaixando nos adversarios que as atacavam. Ja os tres homens de frente, como havia-se dito, tinham menos responsabilidades defensivas, com um deles voltando em algumas raras circunstancias para fechar opcoes de passe no meio. Observe:
Defesa claramente postada como falado no paragrafo, com Maxi auxiliando fechando a opcao de passe ao volante por dentro.
Primeiro tempo so deu Vasco. Time nao sofria ataques contra uma Luverdense muito recuada e dominava o campo adversario. Ainda sofria alguns problemas da era Adilson, com falta de objetividade na circulacao e pouca penetracao nas linhas adversarias. Mas apos o primeiro gol, engrenou e controlou a partida. Jordi nao fora testado nenhuma vez.
Pelo lado deles, com a lesao do lateral Michel, eles colocaram o volante Clecio e deslocaram Jean Patrick, improvisado, para a vaga do machucado. Otimo para o Vasco, que explorou e muito essa deficiencia do adversario e passou a investir mais por ali. No fim do primeiro tempo, o treinador vendo esse problema trocou o volante improvisado por outro, Gilson, que era lateral de origem. Apito, vestiario e jogo que parecia bem decidido.
Para o segundo tempo, o Luverdense colocou um atacante, Leo, tentando avancar um pouco as linhas da equipe, muito acuadas no primeiro tempo. Foi ai que Joel usou da experiencia para instruir o ataque para fazer o correto. Mais velocidade na circulacao e exploracao dos buracos nas tentativas de subida do adversario. O famoso contra-ataque.
Tentativa de avancar linhas foi falha e so expos mais o Luverdense, agora posicionado num 4-4-2 linha. Washington buscava centralizar para tentar cair por tras da dupla de atacantes e armar o jogo, sem eficiencia, anulado pelo cao de guarda Guinazu
O ganho de velocidade nas transicoes foi muito grande. Era notavel o quanto trio de ataque ganhou instrucoes para atacar visando o gol nos momentos de desorganizacao defensiva do adversario, o que nao acontecia com Adilson. O segundo gol foi claro nesse ponto. Diego Renan buscou um Douglas com espaco para pensar, que em um toque sem dominar deixou Maxi em diagonal cara a cara com o gol. 2 a 0.
As poucas tentativas que o Luverdense fazia esbarravam na otima atuacao defensiva do trio de volantes vascainos. Bem posicionados num triangulo compacto, sabiam quando sair para combater, como cobrir essa saida desse componente e segurava um meio campo praticamente sozinhos, com pouquissimo apoio dos homens de frente ali. Guinazu estava notavelmente mais solto para cacar, caracteristica que o Papai gosta em seus medio-defensivos e fez partidaca de novo. Fabricio, mais preso, deu equilibrio ao meio campo que sofria nas transicoes adversarias em seus avancos.
Depois do gol, foram tentativas esporadicas de ataque, algumas ate com perigo, como um lance de Thalles no finalzinho apos um passe de cabeca de Edmilson. Ambos entraram no lugar de Maxi e Kleber, notavelmente cansados pelo ritmo que implantaram. Time mostrou confianca, ajudou a estreia do menino Jordi e deu uma tranquilizada no ambiente em Sao Januario. Precisa de ajustes, mas a evolucao ja foi notoria. A entrada de Pedro Ken no lugar do John Cley parece ser a cereja que falta para encaixar o bom meio montado pelo Papai Joel. E o novo treinador nos deu a esperanca de dias mais tranquilos rumo a Serie A. Rumo ao titulo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário